Espondilólise Lombar pode ser incapacitante?

O diagnóstico precoce é fundamental para controlar a limitação acarretada pela espondilólise.
Vez ou outra escutamos alguém dizer “estou com dor nas costas” e, logo em seguida, vem o complemento do comentário “deve ser a idade”. É fato que a maioria dos pacientes que sofrem com lombalgia estão acima dos 50 anos, mas você sabia que existe uma condição médica associada a coluna lombar que é mais frequente em adolescente e jovens adultos e que nem todas as condições médicas que acarretam em lombalgia são ocasionadas por tensão e ou lesão muscular?
Confira neste artigo esclarecimentos sobre a espondilólise lombar, uma condição médica que apresenta a lombalgia como sintoma, mais frequente em adolescentes e jovens, que pode ser limitante e impactar na qualidade de vida do paciente se não for diagnosticada e tratada adequadamente.
Espondilólise Lombar
Caracterizada pela descontinuidade óssea de um segmento vertebral, a espondilólise lombar é uma condição médica desencadeada pela fratura de uma vértebra da região lombar da coluna vertebral.
A fratura, em geral, acomete uma parte da vértebra conhecida como pars interarticularis, fina camada de osso responsável pela estabilização de um segmento entre dois ossos, ou seja, é a parte da vértebra que conecta segmentos superiores e inferiores das articulações. Devido a essa fratura, a vértebra se parte em dois pedaços, o anterior (corpo vertebral) e o posterior (arco posterior ou neural).
Essa lesão óssea é caracterizada como uma fratura por estresse, ocasionada pelo impacto recorrente de diferentes intensidades e direções na região da coluna lombar. Esses impactos, em geral, são provenientes de atividades esportivas, por isso, é uma condição médica mais frequente em adolescentes e jovens adultos do sexo masculino, mas pode acometer qualquer indivíduo em qualque faixa etária.
Causas e fatores de risco associados
Como esclarecido anteriormente, a espondilólise lombar é ocasionada por uma fratura na parte da vértebra chamada de pars interarticularis, devido ao impacto frequente na região lombar, quase sempre associado a cargas intensas de treino esportivo e sobrecarga mecânica na região. Mas, alguns fatores podem facilitar e ou ocasionar essa lesão óssea, como:
- Malformação e anormalidades do crescimento ósseo na fase de desenvolvimento;
- Degeneração do disco lombar;
- Estreitamento do canal de onde saem as raízes dos nervos;
- Condições médicas associadas;
- Traumatismos como pancadas, quedas e acidentes.
A hereditariedade é um forte fator influenciador em casos de espondilólise lombar; famílias com indivíduos acometidos por essa condição médica tem maiores probabilidades de apresentar novos casos, principalmente quando há associação com malformação e ou anormalidades do crescimento ósseo na fase de desenvolvimento.
Sintomas
Alguns pacientes, principalmente no início do quadro clínico, podem ser assintomáticos. Mas, com o passar do tempo, por a espondilólise lombar ser uma condição médica progressiva, os sintomas surgem e costumam se tornar mais constantes e intensos.
Nem todos os pacientes vão apresentar todo o conjunto de sintomas com a mesma intensidade, devido a gravidade, condição clínica, entre outros fatores. Mas, os sintomas mais frequentes de espondilólise lombar são:
- Lombalgia (dor na região lombar da coluna);
- Instabilidade da coluna;
- Encurtamento dos músculos da perna;
- Hiperlordose (aumento significativo da curvatura lombar);
- Formigamento unilateral ou bilateral;
- Irradiação da dor e do desconforto para pernas e pés, unilateral ou bilateral;
- Compressão dos nervos;
- Danos neurológicos;
- Espondilolistese lombar (escorregamento vertebral).
Escorregamento vertebral como sintoma e condição médica associada
A espondilolistese lombar (escorregamento vertebral) pode ser um sintoma e, por consequência, uma condição médica associada a espondilólise lombar porque a fratura na pars interarticularis enfraquece o osso vertebral e impacta na estabilidade da coluna, pois as vértebras e discos intervertebrais são incapazes de permanecer em sua posição natural, o que acarreta no escorregamento vertebral.
Pode ser incapacitante?
Pacientes que apresentam um quadro clínico inicial de espondilólise lombar, diagnosticados e tratados precocemente, dificilmente apresentarão limitações provenientes desta condição médica.
Mas, a espondilólise lombar é progressiva e os movimentos complexos da coluna intensificam os sintomas, principalmente em pacientes que mantêm a rotina de práticas esportivas. Nesses casos, quando o diagnóstico não é realizado precocemente, pode haver limitações dos movimentos dos membros inferiores e, com o passar do tempo, o paciente pode ter dificuldade até para caminhar.
Além disso, quadros de espondilólise lombar associados ao escorregamento vertebral podem impactar não só na mobilidade do paciente, mas também, acarretar em danos neurológicos que se não identificados e tratados a tempo, podem impactar na qualidade de vida do paciente e gerar danos permanentes, fazendo com que o quadro de espondilólise lombar seja incapacitante.
Determinação do diagnóstico
Inicialmente, o médico especialista em coluna realiza um exame físico para avaliar os sintomas, a mobilidade, sensibilidade e reflexos do paciente. Além disso, o especialista coleta diversas informações do histórico de vida do paciente, como se familiares apresentaram o mesmo quadro clínico, atividades realizadas, entre outras.
Para determinar o diagnóstico, o médico solicita a realização de diferentes exames de imagem como radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Em casos em que o especialista suspeita de dano neurológico, outros exames podem ser solicitados.
Os exames de imagem são muito importantes para avaliar toda a estrutura da coluna vertebral, não só as vértebras e fratura, mas também os tecidos moles, como ligamentos e cartilagem, para que o especialista possa investigar a extensão da lesão e determinar a gravidade do quadro de cada paciente.
Qual o tratamento mais indicado?
Para determinar a conduta de tratamento mais adequada, o médico especialista em coluna deve levar em conta diferentes fatores como causa da espondilólise lombar, condição clínica e idade do paciente, gravidade do quadro, se existem condições médicas associadas, compressão de nervo, dano neurológico, entre outros.
Tratamento conservador
Como na maioria das condições médicas, a primeira indicação para o paciente é o tratamento conservador. No caso de espondilólise lombar, o especialista indica os exercícios mais adequados para fortalecimento muscular e diminuição da sobrecarga no segmento lombar, uso de medicamentos, orais e ou tópicos, como analgésicos e anti inflamatórios, sessões de fisioterapia e acupuntura.
Quando o paciente apresenta dor mais intensa, mas ainda assim, a cirurgia não é indicada, o médico especialista em coluna pode prescrever tratamentos minimamente invasivos, como infiltração, para auxiliar no alívio e controle da dor.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico é a última opção do médico especialista em coluna, mas ainda assim, pode ser necessário para prevenir maiores danos e evitar que o quadro de espondilólise lombar se torne incapacitante.
A indicação de uma intervenção cirúrgica é importante para pacientes que não responderam positivamente ao tratamento conservador, quadros clínicos mais graves que apresentam compressão de nervos, danos neurológicos ou alto grau de escorregamento vertebral.
O procedimento cirúrgico em casos de espondilólise lombar tem como objetivo restabelecer a estabilidade da coluna, reconstituir a vértebra fraturada e descomprimir os nervos, quando for o caso.
Importância da fisioterapia
O tratamento determinado pelo médico especialista em coluna pode ser conservador ou cirúrgico, mas a fisioterapia sempre será uma etapa essencial para a reabilitação de pacientes acometidos pela espondilólise lombar, pois as técnicas utilizadas auxiliam no controle da dor e são essenciais para o fortalecimento muscular, manutenção postural, equilíbrio e estabilidade da coluna.
É fundamental ressaltar que as sessões de fisioterapia devem ser realizadas com um fisioterapeuta especialista em coluna, pois exercícios e alongamentos realizados de forma incorreta podem intensificar os sintomas e prejudicar o quadro de espondilólise lombar.
A avaliação e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar é importante para o tratamento assertivo e eficaz de espondilólise lombar.
Lombalgia pode ser um sintoma de diferentes condições médicas que afetam a coluna lombar, como a espondilólise lombar, e pode se tornar incapacitante se não for acompanhada por um especialista. Por isso, o melhor cuidado é agendar sua consulta com um médico especialista em coluna para determinação do diagnóstico e indicação de conduta de tratamento adequada.